Certa vez um capitão guiava o timão de seu barco em meio a uma grande tempestade nos mares longínquos da costa.
Seu contramestre o observava e o ajudava sempre que ele gritava ou pedia algum favor urgente.
No dia seguinte após a tempestade, o contramestre e o capitão observavam a calmaria no oceano, e o contramestre perguntou ao capitão como ele havia adquirido tanta experiência na arte de enfrentar uma tempestade em alto mar. O capitão, com sua sabedoria, disse-lhe que um dia ele mesmo descobriria a resposta, mas que não era para que ficasse esperando este dia chegar tão cedo.
Passaram-se meses e a embarcação atracou em diversos portos e navegou por diversos mares. Certo dia, quando menos esperavam, uma enorme tormenta tomou posse das águas e colocou o barco dentro de uma perigosa tempestade. O capitão, calmo, ordenou que o contramestre assumisse o timão.
O contramestre, estupefato, assumiu o barco, e desesperado, gritava por ajuda e favores ao seu capitão, que agora fazia o papel que ele mesmo fez meses atrás. Porém o capitão não o ajudava. Apenas o observava calmamente e dizia “assuma o comando” e “faça por conta própria”. O contramestre, instintivamente, lançava o timão para os lados desviando-se das ondas e gesticulando para que os marujos no convés fizessem a parte deles, ajudando no que fosse possível.
Quando se deram por conta, a tempestade havia cessado. O contramestre, exausto, sentou-se ao lado do capitão e indagou-lhe: Por que o senhor não me ajudou quando pedi? Por que não me mostrou como eu deveria sair da tempestade?
E o capitão respondeu a pergunta de meses atrás: Não adianta eu falar ou mostrar como se sai de uma tempestade. Se você não o fizer, se você não assumir o barco e enquanto você não estiver disposto a enfrentar a tempestade, você nunca descobrirá como vencê-la.
O contramestre silenciou-se e levou aquela lição consigo para o resto da vida, sobrevivendo a muitas outras tempestades, bem piores do que aquela primeira que enfrentou. E quando ele estava bem velho, com mais de 100 anos de idade, ele descobriu a verdadeira lição do capitão. Ele descobriu que o verdadeiro capitão é a Vida, e que o contramestre somos nós.
Ele descobriu que a vida mostra inúmeras circunstâncias diante de nossos olhos, e que quando menos esperamos ela nos joga dentro de uma dessas situações e nos observa em silêncio, vendo como vamos nos sair com tudo aquilo que aprendemos com ela no passado.
Quando o capitão disse-lhe “se vire”, ele compreendeu que aquela ordem significava “aprenda”.
“Grandes velejadores são lembrados por vencerem grandes tempestades.”